20 abril 2010

C'est la vie...


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Era tão ingênua aquela menina. Menina não. Mulher. Sim, apesar da ingenuidade, já era uma mulher. Decidida, sabia o que queria e aonde queria chegar. Só não contava com o inesperado da vida em seu caminho. Parte da ingenuidade, provavelmente.



Primeiro veio a morte. Essa velha de capa preta que um dia vem para todos. Pegou-a desprevenida ao levar sua irmã. Aquela mais querida de todas, aquela que a compreendia, aquela que ouvia seus lamentos e suas reclamações, e simplesmente a amava de volta, na mesma moeda em que era amada. Foi duro e penoso, e o luto ainda arde em seu coração. Não tem idéia de quando vai passar, mas tem conseguido conviver com ele, e não deixou que isso abalasse seus sonhos, pois sua irmã, antes de partir, lhe disse para nunca desistir dos desejos e objetivos.

Depois veio a decepção amorosa. Conheceu-o numa tarde de domingo, em sua sorveteria predileta, enquanto fazia uma pausa no seu atribulado cotidiano para simplesmente pensar no nada. E ele sorriu e pediu o seu telefone. E ela deu, mesmo meio reticente. Porque a sua ingenuidade não contesta nem julga as pessoas logo de cara, e seu olhar parecia prendê-la em um mundo à parte. Ficaram juntos alguns meses, até que o término foi inevitável, e seu coração partiu-se, completamente dilacerado com o fim do relacionamento. Mesmo assim, não desistiu dos seus sonhos. Continuou em frente.

Em seguida, seus pais. Foi uma decepção tão imensa quando eles a abordaram e disseram que seria melhor para ela simplesmente deixar de lado sua paixão na vida e procurar algo chato e maçante apenas pela estabilidade. Justo eles, que sempre a apoiaram, que lá estiveram para sustentá-la e compreendê-la. Passaram a não ouvi-la mais. E o relacionamento deles distanciou-se de uma maneira que custava a ela entender.

Até que surgiu Ele. Naquele momento em que todas as inevitabilidades da vida – a morte, a decepção amorosa, a decepção familiar – dilaceravam-lhe o pensamento e os sentimentos. Naquele momento em que até mesmo o sonho, aquele tão almejado e nunca deixado para trás, estava envolto em uma nuvem cinza e densa. Justamente nesse momento ele apareceu. Parecia um chato, mas tinha um charme insuperável. Discordavam em quase tudo, até mesmo um pouco da filosofia de vida que escolhiam viver. Mas isso não importava. Era até divertido ter alguém tão diferente por perto, desafiando-a a cada segundo, provocando-a e fazendo com que ela defendesse suas idéias, algo que nunca fora necessário.

Hoje moram juntos. Ela, Ele, e os sonhos. De ambos. Têm conseguido sucesso em quase tudo o que empreendem. Apenas aqueles detalhes, aquelas coisas sempre inevitáveis e inesperadas da vida permanecem. Como por exemplo, o resultado positivo nessa manhã de sol, do teste de gravidez.

Kisses,

A.



*Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência...

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