21 fevereiro 2010

O Banco

Havia tempos ela sentava ali, naquele banco, naquela hora do dia, para ler ou ouvir músicas. Sempre acompanhada de uma garrafa de mate. E era aquela a meia hora mais calma do dia. Aquela que dava forças para continuar e chegar até o dia seguinte.

Eis que naquela quarta-feira o banco estava ocupado. O dia já não tinha começado muito bem, e aquele seria o momento de colocar a cabeça em ordem. Mas não. O banco estava ocupado. Com muita má vontade, sentou-se ao lado daquela pessoa por quem começou a nutrir uma antipatia autêntica.

Abriu sua garrafa de mate, pegou o seu livro e o seu iPod e começou o seu ritual diário. Antes de colocar os fones no ouvido, aquele ser invasor ao seu lado lhe sorri e comenta o lindo dia ensolarado. Ela resmunga uma resposta e tenta se alienar em seu mundinho particular. Mas o indivíduo parece não ter "desconfiômetro" e tenta continuar a conversa, falando cotidianidades. E isso irritou-a progressivamente. Até que, decidida a dizer uma grosseria sem tamanho ao sujeito, resolveu olhar-lhe nos olhos.

Ficou desconcertada ao encarar o moço. Sim, ele era desconcertante. Sentiu-se enrrubrecer e esqueceu por um momento os nomes feios que estavam na ponta da língua. Tirou os fones das orelhas e respirou profundamente antes de tomar qualquer atitude. Então sorriu. E ele lhe sorriu de volta.

As primeiras palavras proferidas após aqueles longos segundos foram dele. Disse que quando ficava nervoso falava continuamente sobre qualquer coisa. E disse que há tempos a observava sentar-se naquele banco e fazer o seu ritual ensimesmado. E que demorou, mas tomou coragem e foi até lá, para conhecer melhor aquela garota que o encantava sem que ele soubesse o motivo.

Foi então que aquela quarta-feira transformou-se completamente e tornou-se um dia ótimo. E a meia hora habitual passou a durar mais de uma hora. E o banco, aquele tão querido, foi deixando de ser importante, pois qualquer lugar era bom quando estava com ele.


By A.

Kisses

2 comentários:

  1. primeiro eu li o post. dai eu pensei...história legal...a forma de descrever as coisas é bem bacana... (acredite, me inspirou a escrever sobre meu dia), mas não deixa de ser uma história bem egocentrica.
    Dai vi que cometi um grande erro. Sua imaginação é bem bacana! a descrição bem real. escreva assim outras vezes ^^

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