31 março 2010

Descompasso

Já o conhecia havia um tempo. Trabalharam juntos uns anos antes. Mas o reencontro foi inesperado: pegaram o mesmo produto na prateleira do supermercado. Ele não estava muito diferente da lembrança dela. Talvez o rosto um pouco mais velho, mas ei, o dela também devia estar. Trocaram telefones e combinaram um café dali a dois dias.

Ao chegar em casa, ela procurou-o em todas as redes sociais possíveis, e começaram a conversar virtualmente. Isso tudo porque a ansiedade para o encontro próximo parecia corroer por dentro. E deram boas gargalhadas. Atualizaram suas vidas, contaram todas as mudanças ocorridas nos anos sem contato.



Enfim, chegou o dia. Ela colocou uma das suas melhores roupas, um vestidinho curto, com um leve decote, e chegou adiantada ao lugar combinado. Ao vê-lo chegando, seu coração palpitou tanto que ela teve a sensação de que ele o veria pulando no peito. E foi assim.

Nos dias que se seguiram, viram-se praticamente o tempo todo. Ela percebeu que eles eram bem diferentes, mas a sua inteligência sempre a desafiava, e era difícil manter o corpo longe do dele: a química dos beijos e das idas para a cama era sensacional. E ela queria apenas isso. Ficar assim, meio sem compromisso, meio comprometida. Vê-lo sempre que pudesse e ter um pouquinho do seu carinho. Não era apenas o sexo, mas também a personalidade dele que a intrigava. E como ela poderia discordar e gostar tanto de uma pessoa, ao mesmo tempo?

Mas timing é tudo na vida. E eles estavam descompassados. Ela queria apenas uma garantia de encontros casuais. Já ele, não queria nem isso. E apesar de toda a química e tantos momentos maravilhosos, tiveram que acabar com aquilo - que ninguém soube nomear.


Kisses,

A.



*Qualquer semelhança com fatos e pessoas reais é mera coincidência.

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